O último fim de semana de agosto de 2025 foi de intensa movimentação cultural no Sul de Minas. A região se transformou em palco de encontros, saberes e tradições, que se espalharam entre atividades educacionais, oficinas e apresentações artísticas.

Entre os destaques, esteve a 11ª edição do Festival de Sabores e Saberes, realizado em Silvianópolis. O evento trouxe oficinas gastronômicas e experiências que exaltam a culinária regional, sempre rica em diversidade e afetos. Para os visitantes, foi oportunidade de aprender, mas também de degustar. Afinal, se cozinhar não é para todos, saborear é um talento que ninguém deixa de exercitar.

No domingo, Silvianópolis ganhou ainda mais cores e sons com a chegada dos grupos de Congada, que emocionaram o público presente. As apresentações resgataram uma tradição secular que mistura religiosidade, música e dança, mantendo viva uma das mais importantes manifestações da cultura popular brasileira.

A Congada, com raízes africanas e forte influência do catolicismo popular, especialmente da devoção a Nossa Senhora do Rosário, nasceu como forma de resistência dos negros escravizados. Ao reinventarem suas memórias ancestrais dentro do contexto imposto pela colonização, criaram uma celebração que atravessa séculos. Hoje, cada batida de tambor, cada canto e cada movimento de seus participantes carrega a força da ancestralidade, da união comunitária e da espiritualidade que une fé e cultura. Mais do que uma festa, a Congada é uma lembrança viva da riqueza e da diversidade do Brasil.

Mesmo para aqueles que não seguem religiões, a Congada se apresenta como um elo poderoso de pertencimento. Não se trata de fanatismo, mas de energia coletiva, de espiritualidade compartilhada e de celebração da vida em comunidade. É nesse espaço que a cultura popular mostra sua força: acolhe, emociona e transforma.

Entre o aroma da culinária mineira, os cantos da Congada e o encontro de diferentes expressões artísticas, o fim de semana em Silvianópolis foi uma verdadeira imersão na cultura brasileira. E, como toda boa experiência cultural, deixou a sensação de que cada oportunidade de vivenciar essas tradições é, também, uma forma de “zerar a vida” — ao menos a vida cultural.