Crônicas de PH Shadow

20 de Novembro! (Consciência Negra?!)

O texto abaixo na verdade é do livro Ninho de Poesia, esse “mashup” é um texto de poesia para homenagear o livro O Escravo que foi lançado no dia da Consciência Negra em 2017 na cidade de Ouro Fino.

Canto Negro
Escutando lá de longe o gemido triste do som de uma mãe,
Tentei entender e perguntei de onde vinha aquele tom,
Ela sombria, mais envergonhada que triste, respondeu sofrendo:
“Lá vem mais dor carregar meus filhos no Tumbeiro”!

Assustado ainda esperava compreender,
As palavras sofridas vinham de longe pra me render.
“Meus filhos estão sendo levados por insano genocida, por carrasco, afanador de vidas.”
Ainda sentia o som de sua voz desguarnecida procurando as palavras certas para aliviar toda sua dor como por encanto.
“Meus filhos sofrido vão estar acorrentados nesse mar de sangue. Aguentando chibatadas, grilhões, castigos e porões. Terão que submeter as mais terríveis provações. Apenas por ganância e preconceito dos que deveriam se considerar irmãos.”
Sentia a dor e quase em lágrimas perguntava sem voz,
Ela mais uma vez respondeu com toda sua dor…
“O navio negreiro está levando meus filhos para longe do meu tambor…”
E eu senti uma carga enorme do meu próprio rancor!

Desde Joseph Cliffer que se fez depoimento de todas as dores levadas por navios negreiros, fizeram-se o possível para a escravatura desacreditar e a nova política veio dizer que tudo era mentira.
Negras lindas ainda alisam o cabelo para serem aceitas e cota é vista como esmola, pois, estão tirando vaga de quem quer realmente deseja estudar…
Alguns de farda se fazem arrogante como os Capitão da Mata! Não é de se estranhar aparecer mais um corpo negro na vala!
As piadas engraçadas feitas por brancos racistas… Tente se impor para você vê se não vira “vitimista”!
Favelas o reino a prisão uma rotina… Temos a marca nas costas de um ancestral obrigado a ser pacifista.

Faz-se tambor minha religião,
Logo tapa na cara por invocar o mau.
Temos que “eucaristizar” nosso cântico,
Para sermos aceito como bons humanos.

Dengo “meiguice”, cafuné “acariciar”, caçula “mais novo”, moleque “garoto”, quitanda “produtos frescos”, fubá “base da alimentação dos africanos e afro-brasileiros”, dendê “óleo de palma”, cachaça “água ardente”, axé “assim seja e boa-sorte”, candomblé “religião”, macumba “instrumento musical”, muvuca “aglomeração”, abadá “batas/túnicas brancas”, cachimbo “objeto para fumar” e vários outros.
São palavras derivadas do povo africano.
Constituída para comunicação de nosso povo,
E algumas, infelizmente, são para preconceito raivoso.

Dr. Rui Barbosa tentou apagar nossa história…
Não temos passados e nem nome que nos aprova.
Fogo nas minhas lágrimas, sangue e vida!
Fogo, aquisição, foice, chicote na mão…
História sem nome apagado do porão.

A Sinhá finge ser muito boa, mas é falsa comoção,
Paga mais barato pela cor da pele que esfrega seu chão.
O senhorzinho acredita que tem posse da preta,
Vassoura na mão, barriga no tanque, sexo como obrigação…
Até quanto o vigia deve seguir um negão?!

Por favor, não se distraia com meu dialeto.
Meu cabelo black não te perturbar é o que mais desejo. 

Livros mais procurados

Previous
Next

Outras Redes de

Paulo Henrique Shadow

Contato:

O passado é um dos fragmentos causados de um futuro quebrado…

Olá amiguinho! Que tal ajudar o amiguinho aqui compartilhando o conteúdo em vez de copiar?!