Título de Cidadão Honorário de Ouro Fino

Do Negro Drama à Honra de Ouro Fino”

Há uma música dos Racionais chamada Negro Drama. Muitos não entendem o rap, muitos ainda torcem o nariz. Mas os Racionais nunca pediram licença. Falaram alto, falaram claro.
Falaram a língua do gueto, mesmo quando o país virava o rosto. Foram vistos como marginais, quando, na verdade, eram cronistas da realidade e eu me espelhei neles.
Falei da minha dor, falei da minha cor, falei da quebrada. Não para ganhar palmas, mas para que quem estivesse no fundo do poço soubesse: alguém já esteve lá.
Vim pra Minas com a bagagem cheia de sonhos e cicatrizes. Fiz morada, firmei o pé. Mas a estrada não foi de flores. Vieram as dúvidas, as mentiras, as intrigas, o racismo disfarçado de normalidade, a incoerência travestida de oportunidade.
E eu, sempre tendo que dar dez passos a mais por cada passo que os outros davam. Só para ser visto. Só para ser ouvido.
Hoje, recebo com orgulho o título de Cidadão Ouro-finense. Aceito essa honra com o coração pulsando forte, não só por mim, mas por todos que carregam no peito a marca de onde vieram.
Porque Ouro Fino me acolheu, me ensinou, me deu chão, trabalho, dignidade.
E agora eu digo: sou favelado, sim, mas também sou Ouro-finense. E provo, com essa conquista, que a favela não é prisão: é raiz.
E quem tem raiz também floresce. Mesmo no concreto.

Obrigado aos vereadores Paulo Henrique Chiste e Cisso Braga e todos da @camaraourofino

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