Sentei na pedra em frente a cachoeira e me pus a cantar,
Semblante sorridente de uma companhia quem nem estava lá!
Notei nos meus acordes tristes que a saudades vinham a bailar,
Melodia em dissonância com o barulho continuo das águas.
Não deixei que as lágrimas da cachoeira atrapalhassem meu compasso,
Mirei o destino longo e meus dedos oferecia mais que o cansaço,
Bebi meu desejo e partir para um abraço imaginário,
Não levantei do meu delírio mesmo quando sentia seu abraço.
Cada nota que soava era uma despedida que me machucava,
Larguei todo meu ser naquela pedra de cachoeira magoada,
Vivenciei a cada momento perto e distante e até chorava,
E mesmo assim a cada acorde eu me entregava.
Virou hino gospel e foi para um jazz frenético,
Os pássaros assanhados voavam muito perto,
Criei estilos e maneiras de castigar as cordas,
Saudade, vê se vai logo embora…
Às águas continuavam sem parar naquela tarde,
Minha verdade também jorrava sem piedade,
Não sabia se sangrava ou era o beijo da cachoeira,
Estava longe a abraçando por inteira.
Quando a luz do céu já fraquejava,
No crepúsculo da minha tristeza que cantarolava,
Decidi de vez que já tinha acabado,
A última canção de saudade e desabafo…